A primeira impressão ao jogar os primeiros minutos de Okamiden é a melhor possível. Se você duvidava que a Capcom conseguiria aproveitar o hardware do DS da melhor maneira, pode ter certeza que a resposta foi a melhor possível. O apreço com cada detalhe, o belo visual, a jogabilidade inventiva e um bom uso das funcionalidades do DS tornam esse um dos melhores games já lançados para o portátil da Nintendo.
Okamiden teve como diretor o consagrado Kuniomi Matsushita, o mesmo cara responsável pelo excelente trabalho realizado no port do primeiro Okami para o Wii. Matsushita teve a ajuda de Motohide Eshiro, que tem como trabalhos de maior respaldo a série Onimusha e o spin-off Miles Edgeworth, da série Ace Attorney Investigations. Com uma equipe de tamanho talento, não era difícil esperar que um produto de extrema qualidade chegasse às lojas. E foi exatamente isso o que aconteceu.
Sutileza de alto rigor técnico
Se o primeiro Okami se destacou essencialmente pela exploração de ambientes, uma simplicidade máster nos controles e belíssimos visuais inspirados em pinturas artísticas japonesas, essas mesmas características foram mantidas na continuação, graças a um apreço todo especial da equipe, que conseguiu utilizar o hardware limitado do DS sem maiores problemas.É incrível ligar o DS e perceber a fluência das animações, o cuidado com cada pequeno detalhe, a movimentação e a “vida própria” que cada personagem possui e o mesmo visual rico de sutilezas e significações que todo mundo esperava. Cada elemento que compõe a parte técnica – e isso inclui os menus bonitos e intuitivos – está bem próximo do máximo que o portátil da Nintendo pode oferecer, evidenciando um cuidado com o aparato técnico não muito comum.
Esse cuidado técnico também se estende para a trilha sonora, composta por um dos novos talentos na prática da videogame music: Rei Kondoh. Pra você ter uma ideia, além de Okami e Okamiden, o rapaz é o cara por trás das elogiadas composições de Bayonetta (PS3, X360) e Devil May Cry 4 (PS3, X360). Aqui ele conseguiu captar, pela segunda vez, toda a ambientação feudal, com canções que alternam instrumentos diferenciados e melodias agradáveis. O sucesso foi tão grande que a trilha foi lançada no Japão e alcançou um relativo sucesso entre os fãs.
A simplicidade de uma aventura que transborda inspiração
Como já era esperado, Okamiden simplificou a experiência de seu antecessor, numa tentativa de deixar a aventura com elementos mais funcionais para um portátil. O resultado, curiosamente, não é um game simplista, mas sim um produto com um nível de dificuldade balanceado e controles mais inventivos.Entre as novidades exclusivas do DS está a óbvia utilização da tela de toque e a adoção de um esquema de câmera diferenciada. Nesse esquema, a câmera se movimenta automaticamente junto com o personagem, sempre proporcionando o melhor ângulo de visão – seja nos momentos onde é necessário vasculhar os cenários, seja nos momentos de combate.
A própria estrutura dos cenários mudou, com a presença de caminhos pré-determinados e indicações mais exatas dos lugares onde o jogador precisa ir pra dar continuidade a aventura – elemento que também é beneficiado pelo mapa presente na tela inferior do portátil que a todo momento pode ser consultado facilmente.
Unindo elementos de exploração, combate e puzzles, a aventura se desenrola de uma maneira bastante interessante, já que por várias vezes o jogador libera novas habilidades, novas técnicas e novas áreas – uma estrutura bastante comum para games de aventura. Essa progressão acontece de forma linear, mas em nenhum momento é maçante ou forçada, mostrando que a estrutura central aparece em sua melhor forma.
Sim, videogame é arte
Quando foi lançado em 2006, Okami rompeu uma barreira difícil de se ultrapassar e se tornou o exemplo mais claro de que videogames são sim uma forma de arte. Curioso é que inicialmente o projeto não envolvia a utilização de um estilo gráfico como o que observamos no produto final. Originalmente, revelou Atsushi Inaba, diretor executivo do Clover Studio, ele seria um game foto realista, igual a milhares que existem por aí. Foi só com o avanço do processo de desenvolvimento que a equipe testou a utilização de uma criação visual baseada nas pinturas aquareladas em papel de arroz japonesas e nas famosas esculturas em madeira nipônicas. O resultado, como todo mundo sabe, é um estilo visual que marcou para sempre a história dos videogames.
Risque, rabisque e construa um novo mundo
A principal novidade de Okamiden é a utilização super interessante da tela de toque do DS. É nela que o jogador vai utilizar o Celestial Brush, pincel mágico que tem a função de promover uma série de mudanças no ambiente no qual a aventura acontece. São as mais diversas utilizações dos poderes provenientes do acessório que vão tornar possível que Chibiterasu salve o mundo da tal maldição (saiba mais sobre a história do game no box).Para utilizar o Celestial Brush é bastante simples. Basta apertar o botão R ou L e desenhar na tela a ação desejada. Ao longo do game o jogador destrava vários movimentos diferentes – cada um resultante de um traço específico. Por meio do pincel é possível executar uma série de técnicas como reconstruir objetos no cenário, controlar os ventos, rejuvenescer árvores e até mesmo liberar passagens que estão impedidas de serem ultrapassadas por obstáculos.
A utilização do acessório é sempre muito bem explícita, raramente exigindo alguma percepção mais profunda do jogador. Em quase todas as situações você sempre vai saber o que fazer, como fazer e onde fazer. Essa é uma conquista da simplicidade dos controles, que funcionam sem maiores problemas de resposta e sem deixar o jogador perdido em meio à jornada – um problema que por vezes acontecia no primeiro Okami.
Nesse mundo de possibilidades, Okamiden nos presenteia com um sólido sistema de controle de personagens. Como o lobinho Chibiterasu ainda é apenas um filhote, ele necessita da ajuda de uma série de personagens que vão acompanhá-lo durante a jornada. Em vários momentos será preciso controlar os dois personagens separados, utilizando um esquema que remete claramente ao que já tínhamos presenciado em The Legendo of Zelda: Spirit Tracks.
A saga de Chibiterasu
A aventura de Okamiden não chega a causar o impacto do primeiro Okami, mas mesmo assim é digna de elogios. Se passando nove meses após os acontecimentos do seu antecessor, ela traz como protagonista o simpático e inocente Chibiterasu, uma espécie de filho/ filha de Amaterasu, que protagonizou a primeira jornada. Aqui, novamente, nossos protagonistas vão ter que enfrentar as missões impostas por Sakuya, divindade responsável pela vida na Terra. Como Chibi ainda é um filhote, ele vai contar com a ajuda de outros personagens, como Kuni, filho de Susano e Kushi (também presente no primeiro Okami). No fim, uma surpresa que só quem terminar o game verá.
Batalhas são necessárias, vitórias são essenciais
Se a exploração e os puzzles funcionam de maneira louvável, o mesmo pode ser dito sobre a estrutura de combate, apesar de aqui existirem algumas ressalvas importantes. Os controles, que fique bem claro, são extremamente simples e funcionais, sem grandes complicações. Só que, infelizmente, essa simplicidade deixa os combates em segundo plano, tornando cada um dos confrontos pouco diversificados e nada atrativos.Mesmo assim, vale a pena ficar atento para a possibilidade de utilizar as habilidades do Celestial Brush durante o confronto com os mais diversos inimigos, o que traz um certo frescor para os embates e uma maior estratégia para as batalhas. Felizmente isso muda nos combates contra chefes, que sempre exigem que o jogador utilize estratégia aliada à habilidade. Essa necessidade vem da grande inspiração que o design da maioria deles possui, mostrando empenho da equipe de desenvolvimento como poucas vezes se viu no DS.
Um game imperdível
Os mais críticos podem sentir falta de uma profundidade maior – e realmente essa é a maior falha dessa aventura – mas, mesmo assim, é inegável que Okamiden é um passo além em um console que já rendeu todo tipo de entretenimento. Se você gosta de uma boa aventura, tenho certeza que vai ficar encantando com Okamiden.
Okamiden – Nintendo DS – Nota Final: 8.7Gráficos: 9.0 Som: 8.5 Jogabilidade: 8.5 Diversão: 8.5
0 comentários: sobre Análise: Okamiden (DS)
Postar um comentário para Análise: Okamiden (DS)